Acordava todas as manhãs com o mesmo pensamento: o de procurar coisas novas para fazer ou conhecer. Ela tinha o mesmo bom humor de sempre. Ela tinha os mesmos sonhos, os mesmos desejos de sempre e sempre. Nada mudava. Nem mesmo o seu ridículo hábito de se apegar rápido demais. Não abandonava as bonecas, pois era como abandonar um filho; não deixava seus lápis de escola, pois era deixar de lado toda uma infância; não dava um fim em seus vidros de perfume, pois era como apagar histórias e momentos da memória. Era assim com as pessoas também. Já não bastava um "olá, como vai você?" para se apaixonar, agora também fazia estórias bobas de uma novela que jamais iria acontecer. Mas ela era assim.
Estava cheia de caminhos incompletos, pensamentos inacabados, histórias pela metade, frases sem um fim.
Uma vez ela escutou de alguém muito querida que as pessoas deixam algumas "oportunidades" passarem, não por não serem indecisas, mas exatamente por estarem cheias da certeza do que querem. Ela espera que esteja certa e que todas as junções dessas histórias sem fim, se remendem umas nas outras e possam completar a dela que um dia (não muito distante), terminará com um final muito feliz.
