Chega uma hora, sabe, que a gente se acostuma. Aquilo já está tão presente, já faz tanta parte da vida diária, que a gente acaba mesmo se acostumando. É tanta desilusão, é tanta coisa que magoa. O seu coração está em estilhaços, mas mesmo assim ele continua batendo e te enganando. Denovo, denovo e denovo. - Você não aprende mesmo, não é? - A gente sabe que não deve acreditar, a gente sabe que pode ser perigoso demais arriscar, mas acaba cedendo, acaba entregando os sentimentos na bandeja mais bonita que a gente tem. Faz mal. Fez muito mal. Mas eu tenho certeza de que se aparecer mais um rostinho bonito, mesmo eu não querendo, mesmo a minha razão dizendo que não, o meu coração vai continuar batendo, pedindo pra avançar. Eu por minha vez, vou avançar,  vou me desiludir e o meu coração se estilhaçará, se quebrando em mais milhões de pedacinhos, o que não o impedirá de continuar batendo e continuar se quebrando.

 E cada noite me trazia uma lembrança sua. Eu olhava para as estrelas e lembrava que você tinha dado o meu nome a uma delas. A lua estava tão linda, tão grande, tão perto. Eu agora lembrava dos nossos momentos sentados ali na varanda, o balanço se movendo lentamente e as suas mãos me envolvendo na altura da cintura. Quando seus lábios tocavam os meus, todo o meu corpo se arrepiava e cada junta minha estremecia. Era surreal. Você me contava suas histórias e eu prestava atenção como uma criança ouvindo contos de fadas de seus pais. Eu adorava o jeito como você se expressava, o jeito como gesticulava, como a sua boca se movia. Eu adorava cada parte do seu corpo, eu adorava o seu cheiro, adorava a maneira como me olhava (de um jeito quase que como se soubesse cada pensamento meu, e sabia que estava em cada um deles), eu adorava como você penteava o cabelo, ou como não penteava, pois estava quase sempre meio bagunçado. Eu adorava você. Eu te amava. Tudo estava tão bem entre nós, até o dia em que recebi sua carta me dizendo pra esperar, que você precisaria partir e me deixar por um tempo, mas prometera que iria voltar pra mim, para os meus braços. Eu não entendia nada. Apenas confiei. A pior coisa que fiz em toda a minha vida: acreditar e amar tanto alguém. Um recado: continuo a esperar…

 Sabe o que é bom? Bom mesmo é quando te abraçam apertado, sem você esperar. Bom mesmo é quando você sente a sinceridade nas palavras, e, mesmo se são duras, te fazem refletir e seguir o melhor caminho. Bom mesmo é quando os olhos conseguem enxergar o mais profundo da sua alma, e desvendam coisas que nem você sabia que estavam lá. A melhor coisa do mundo é ter amigos mais chegados que irmãos, é saber que mesmo se todos virarem as costas pra ti, ele não vai te deixar, vai continuar segurando a tua mão e mesmo se você cair, ele vai poder te levantar. Amigos são anjos que Deus nos deixou, para participar das dores, para nos aliviar de algum jeito. Ao lado deles, quando estamos felizes, a alegria multiplica e se a tristeza aparece, é dividida. Amigos são bênçãos na vida, felizes os que podem contar com eles.

  As pessoas te subestimam, fazem você parecer uma idiota sendo o que você é. Elas dizem que você sempre irá se ferir se continuar assim. Dizem que você nunca conseguirá parar de ser idiota, pelo bom coração que tem. 

 Aí então, chega o dia em que você resolve aceitar o desafio, e muda. Passa a ser uma pessoa fria, às vezes até calculista demais. Passa a não ter medo de magoar as outras pessoas, passa a ser o que eles queriam que fosse. Então eles não te conhecem mais, eles olham para você como se fosse uma espécie de aberração, te olham como se você não fosse mais você. 

 Por favor, não me subestime, não me coloque abaixo dos seus pés e não me faça mudar, pois o único afetado realmente, será você, não eu.

  Não estou pedindo para ter a sua atenção durante as 24 horas do dia, nem muito menos para esquecer a sua vida e começar a se preocupar inteiramente com a minha e com os meus desejos, os meus sonhos. Eu queria simplesmente ter o espaço que penso que merecia ter. Queria somente saber se eu sou importante pra você, da mesma forma que tu é pra mim. Eu não quero o mundo, eu não quero ter a importância do fato mais importante pra você. Eu só quero ou queria ter você comigo quando eu estivesse assim: sozinha.

  É complicado pra mim. Despedidas são difíceis e sempre me fazem chorar. Talvez eu não te veja mais ou talvez você mesma não queira mais me ver. Está sendo embaraçoso pra mim, não me julgue por isso, eu tentei o máximo que eu pude, fiz de tudo pra continuar, pra seguir em frente, no caminho sinuoso que estávamos trilhando. Parece que não deu, não é? Pelo menos pra mim ficou difícil demais, olhar pra trás e ver tantas coisas erradas. Eu sei que não devia espiar os passos já pisados, já marcados no passado, mas já era inevitável. Eu quis continuar, sabe? Eu realmente quis, mas eu também tentava ver o que havia mais à frente, mas era uma incógnita, eu não enxergava nada. Talvez naquele momento o ponto final da nossa relação já estava próximo demais, mas eu suportei. Suportei imaginar o fim chegando, por você. Eu a amo, e pode ser que você não acredite, eu não acreditaria, mas eu amo e muito e é justamente por isso que eu estou deixando você livre. Talvez eu seja o empecilho que esteja no caminho, talvez eu seja o muro que te separa da verdadeira felicidade. Então vá, porque eu fui. Como eu disse, está sendo extremamente difícil pra mim, você não imagina a dor que está me consumindo, mas será melhor assim. Encontre alguém com quem possa compartilhar as suas alegrias e te ajudar a trilhar o caminho fantasioso que um dia chegamos a trilhar. Sou um pouco realista demais, não faço parte do teu conto de fadas. Agora, de uma vez por todas vá e seja muito, mas muito feliz com alguém que mereça você verdadeiramente e que nunca tenha a audácia de fazer isso que eu faço agora com você. Querida Jane, eu estou indo para longe, viver o que me resta da vida medíocre que escolhi agora, sem você. Eu a amo ainda e amarei eternamente. Quando acordar e ler esta carta, saiba que já estarei distante, mas com cada pensamento meu voltado pra você. 

COMO EU AMO VOCÊS !